Este blog é uma seleção de textos meus. Todos eles curtos, inspirados em imagens comuns. Ainda assim, cada um tem uma mensagem. A cada domingo vou postar um texto novo. Que tal dez linhas para começar sua semana? Leia o primeiro post (De onde vêm as ideias? Junho de 2010) para uma descrição mais poética...
sábado, 31 de julho de 2010
Borrão
Quando entrava no carro, já estava atrasado. Pé na tábua! Mãos a obra! Vamo-que-vamo! O velocímetro gira, o piloto vê a pista passar correndo. Quando foi a última vez que parou para admirar a paisagem? Não há mais tempo! Ainda atrasado, acelera. Nas janelas do carro, um borrão. Pega a fatia de pizza, meia comida, dá mais uma mordida apressada. Pisa fundo. A vida passando tão rápido que não passa de um vulto aos seus olhos, com pequenas variações de cor, quase sempre cinza, como se fosse uma única imagem, uma só coisa, tão rápido, passa, foi!
sábado, 24 de julho de 2010
No escurinho do cinema
Cena final, o filme acabou. Enquanto subiam os créditos, ficou pensando sobre a história. Olhou para a amiga ao lado, perguntou se gostou. Disse que sim. Olhou-a nos olhos, depois os lábios. Convidou-a porque uns amigos aconselharam. O filme cria aquele clima, envolve a garota. Além disso, o escurinho diminui a vergonha e facilita a aproximação. Porém, sempre que convidava alguém para ir ao cinema, ficava tão envolvido com a história que esquecia que o objetivo era o beijo. Mudaria de estratégia, essa não estava dando certo, embora aproveitasse bem os filmes.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Rompimento
Maluquice! Era a última vez que brigava assim ao celular, escondido da família. Era muita encrenca, muita cobrança, muita encheção. Isso quando ela não ameaçava, meio de brincadeira, meio sério, abrir a boca e contar tudo. Decidiu romper relações. Loucura! Arranjara uma amante para suprir um desejo que sua mulher já não satisfazia. Em vez de melhoria, tivera problemas em dobro. Amante nunca mais!
domingo, 11 de julho de 2010
Algodão-doce
Viu um vendedor de algodão-doce. Lembrou-se de como gostava daquela porcaria, quando pequena. Viu aquela coisa fofa e rosa, flutuando dentro de um saco plástico. Qual era mesmo o sabor? Pensou um pouco e formulou sua resposta: sabor de infância. Levantou a mão, chamou pelo vendedor. Por que mesmo ela deixou de comer? Que besteira! Pediu um. Teve a satisfação de estourar de mansinho o plástico e, sorridente, deu uma mordida. Sentiu aquele gosto de puro e intenso açúcar. Lembrou-se por que havia parado de comer. Deu o resto a uma criança do parque.
domingo, 4 de julho de 2010
Lentes limpas
Quando bate a luz de lado em seus óculos, percebe o quanto está embaçado. Vez por outra precisa limpar as lentes, é assim mesmo. Decidiu fazer uma limpeza especial dessa vez, para enxergar direitinho. Colocou os óculos de volta e viu um colega de serviço escrevendo relatório que o prejudicava, um suposto amigo. Olhou para o outro lado e viu uma das colegas lhe abrir um sorriso mais do que simpático, um sorriso interessado. Bem a sua esquerda, mexendo no computador, um colega desviava verba da empresa para si mesmo. Espanta-se. A colega interessada pergunta se está tudo bem, ele está com os olhos arregalados. Respondeu que sim, nunca enxergou tão bem.
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