segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma flor no jardim

   Colheu uma flor no jardim. Bem delicada, de bela cor. Uma verdadeira preciosidade. Guardou-a para si. Aquela flor aromatizou e embelezou sua sala. Chegou a desenvolver um carinho por ela. Olhava a flor contente, orgulhosa. Sentia-se bem perto dela!
   Após cerca de uma semana, a bela e bem-quista flor murchou e morreu. A moça não sofreu. Desde o dia em que a pegou no jardim já sabia que em pouco tempo a flor morreria, naturalmente. Não poderia ser diferente. Já estava, portanto, ciente de sua brevidade. Nunca se sentiu dona da flor, nunca a enxergou como sua posse, nunca se apegou. Embora tanto tivesse gostado dela, quando a perdeu, não chorou. Pelo contrário, ficou muito contente pelo tempo que durou.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Imagem no espelho

  Acordou e olhou-se no espelho. Viu uma jovem, animada, despojada, pronta para tudo. Diria “sim” a todos os convites. Iria atrás, se não surgisse. Parada não ficaria.
  Acordou noutro dia e olhou-se no espelho. Viu uma velha, cansada, desanimada, indisposta. Rabugenta, nem queria falar. Só esperava a hora de voltar a dormir.
  Acordou novamente e olhou-se no espelho. Viu uma pessoa zen. Tranquila, calma, relaxada. Comeria um café equilibrado, com bastantes frutas, e faria uma caminhada para começar bem o dia.
  Acordou e olhou-se uma vez mais no espelho. Viu uma planejadora e sonhadora. Preparava-se para um futuro promissor. Hoje não conseguiria nenhum resultado, mas no futuro...
  Acordou e olhou-se no espelho, cada vez de um jeito...