terça-feira, 21 de setembro de 2010

Acidente

  Passava pela rua. Havia um tumulto logo a frente, um monte de pessoas amontoadas em torno de algo. Percebeu um carro virado e amassado, era um acidente. Prestou atenção ao modelo, não era o de parentes nem amigos mais próximos. Olhou para o outro lado da rua, um banquinho. Uma mãe amamentava seu neném. Passou com o carro, não olhou o acidentado, preferiu admirar a vida.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pelos olhos dela

  Não conseguia entender. Tinha como hábito deixar o jornal em cima do sofá, aberto na página que estava lendo. Era mais prático, continuava depois. Por que ela sempre reclamava? Era só colocá-lo em cima de outro lugar, se precisasse do sofá. Mas, desta vez, sua visão branqueou e viu as mãos dela, como se fossem as suas, pegar o jornal, sentindo a boca se mover para continuar reclamando. Jogava-o em outro lugar, olhava para ele. Viu a si mesmo, não como quem se olha no espelho, mas como se fosse outra pessoa. Pela memória dela lembra o tempo em que dividiam não só o sofá, como também a atenção um do outro, quando se sentavam nele. Sua visão voltou ao normal. Passou os dez primeiros minutos da novela olhando para o semblante dela, até que ela parou de assistir.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Caixa de bombons

  Mais uma pessoa que chega. Feliz aniversário! O presente: uma caixa de bombons. Todos os amigos sabem o quanto gosta de chocolate, este aniversário iria se esbaldar. Agradeceu e guardou a caixa, junto com chocolates em barra, trufas e outros doces. Uma de suas amigas, sentada ao lado, encostou a cabeça no seu ombro e, por ter mais intimidade, pediu um bombom. Imediatamente pensou que se abrisse a caixa teria de distribuí-los por todos na mesa, umas... vinte pessoas? Pensou em abrir a caixa discretamente, pegar um bombom e dar à amiga, mas... diabos, tinha tanto chocolate ali! Abriu a caixa e pediu para que passasse adiante.