segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pelos olhos dela

  Não conseguia entender. Tinha como hábito deixar o jornal em cima do sofá, aberto na página que estava lendo. Era mais prático, continuava depois. Por que ela sempre reclamava? Era só colocá-lo em cima de outro lugar, se precisasse do sofá. Mas, desta vez, sua visão branqueou e viu as mãos dela, como se fossem as suas, pegar o jornal, sentindo a boca se mover para continuar reclamando. Jogava-o em outro lugar, olhava para ele. Viu a si mesmo, não como quem se olha no espelho, mas como se fosse outra pessoa. Pela memória dela lembra o tempo em que dividiam não só o sofá, como também a atenção um do outro, quando se sentavam nele. Sua visão voltou ao normal. Passou os dez primeiros minutos da novela olhando para o semblante dela, até que ela parou de assistir.

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