domingo, 29 de agosto de 2010

Cafezinho

  Ele sopra o café dentro do copinho de plástico. É quase ritualístico, o café pelando, sopra para esfriar, não todo. Dia estressante de trabalho. Reestruturação no setor, chefe cobrando montes de tarefas, clima tenso, colegas quietos. Muito trabalho! As costas doem. Só o cafezinho pode salvá-lo. Está bom de soprar. Bebe um golinho, quente no ponto. Docinho, forte. O sabor do café, um breve relaxamento, uma pausa na tensão do dia, no contínuo esforço do trabalho. Só o cafezinho é capaz disso. Bebe até a última gota, saboreando. Dá um suspiro, aliviado. Já pode voltar a trabalhar, está recuperado.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Recaída

  A ex-namorada passou bem a sua frente. Normal, quando terminaram, tornaram-se amigos. Só que o cheiro... Ao passar na sua frente, seu perfume se espalhou no ar e se instalou nas narinas dele. Um monte de lembranças lhe veio a mente. O primeiro encontro, o primeiro beijo, as noites em que ficavam, lado a lado, lendo cada um seu próprio livro, ainda assim juntos. Seu cheiro... seu cheiro estava presente em todos esses momentos, esse mesmo cheiro que sentia agora. Pensou em ir até ela, que nem o notou, e pedir uma nova chance, apesar de ter sido ele a terminar o relacionamento. Ela se distanciou, o cheiro passou, ele saiu do transe. Pedir uma nova chance? Não... Nunca pensou que o aroma tivesse tanta força.

domingo, 15 de agosto de 2010

Escorregão

  Não viu a poça de água. Maldito ar-condicionado, pingando na calçada. Leva um tremendo tombo, na frente de todo mundo. Ninguém que conhece – ufa! – pelo menos. Bom, não há remédio, o jeito é levantar. Recompõe-se como pode. Limpa a roupa, ergue a cabeça e volta a andar. Fazer o quê? Nas próximas vezes, terá mais atenção para não escorregar na mesma poça. E tomará mais cuidado com ar-condicionado. Pode até cair em outro lugar, não se está livre de todas as quedas, a não ser que não se ande. Caindo e aprendendo.

domingo, 8 de agosto de 2010

Desencontro

   Ligou para a amiga e perguntou onde ela estava, embora isso não importasse, só queria vê-la. Ela respondeu, embora ainda não soubesse para onde iria dali a alguns instantes.
   Ele foi, não para onde ela estava, mas para onde ela esteve. Não a encontrou. Foi quando ela ligou. Deu-se conta de que se ele perguntou, talvez tivesse a intenção de encontrá-la. Marcaram um ponto, para evitar novo desencontro (na comunicação e na localização).