Beltrão morreu.
Quando vivo, era mal falado. Um mulherengo, todos diziam. Ou pior, um pretenso mulherengo. Manjado, já não caíam no seu papo. Tentava com todas, ninguém lhe dava bola. E era um encostado. Não trabalhava, nem queria. Vivia de favor, muito contente com isso. Arranjava um ou outro bico, só para comprar birita.
Mas Beltrão morreu. E por ter morrido, virou santo. As mesmas bocas que o mal falavam agora são – como se autoproclamam – menos intolerantes. Beltrão era muito comunicativo, carinhoso com as pessoas, tentava se aproximar de todo mundo. Dada sua simpatia, algumas mulheres não compreendiam bem suas intenções. E era um desfavorecido. Por mais que tentasse, por motivo de perseguição, nunca se mantinha em um emprego. Pobre coitado! Só lhe restou a bebida para afogar sua frustração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário