domingo, 13 de fevereiro de 2011

Causa mortis

  Sua vida era ter ideias. Um poço de criatividade ambulante, sempre olhando as coisas e pensando em como poderiam ser diferentes, ou fazendo novas combinações, ou apenas criando de acordo com um novo estilo. Também parava, pensava sobre um assunto e assim, sem nenhum estímulo externo, naquele instante de introspecção, surgia mais uma ideia. Procurava colocar em prática aquelas que podia. As que não podia, anotava. Quem sabe um dia poderia? Só não podia deixar a ideia simplesmente surgir e sumir.
   Essa era a sua função em vida, a razão de sua existência. Tinha tanta certeza disso que costumava brincar que sua vida acabaria quando já não tivesse novas ideias. “Soube do Guilherme? – Não. O que houve? – Ele morreu. – Sério? Que triste! De quê? – Morreu de falta de ideias”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário