sábado, 10 de setembro de 2011

Vitrola quebrada

   Toda vez que passava pela sala, o papagaio lhe dizia o que fazer, como deveria ser, e tudo que estava fazendo de errado. Às vezes ela dava uma resposta atravessada, às vezes tentava provar que o papagaio estava errado. Mas não tinha erro, era parar de falar, o papagaio repetia exatamente o que havia dito. Cansada de se irritar, ela tentou argumentar. Trouxe raciocínios lógicos e bem fundamentos, pôs a questão em discussão, abertamente. Porém, nada adiantava. O papagaio repetia as mesmas coisas de sempre, como se ela nunca tivesse explicado sua posição, como se nunca tivesse exposto sua forma de pensar. Percebendo que seu gesto se dava em vão, ela passou a ignorar o papagaio, que nunca parou de repetir as mesmas frases.

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