Havia algo de diferente naquela porta. Tantas vezes tinha
feito esse mesmo movimento, de abrir, passar e fechar, mas naquele dia existia
uma sensação estranha... Embora parecesse mais dura, a chave deslizou do mesmo
jeito na fechadura. Embora parecesse mais pesada, não havia nada emperrando a porta.
Falou o mesmo “Tchau, mãe” de sempre, embora as palavras lhe parecessem se
esforçar para sair da boca. Quase acrescentou, por pura força do hábito, um “daqui
há pouco eu tô de volta”, desconsiderando por um momento que esse era o dia em
que estava saindo de casa. Ouviu um tímido “Tchau, filho” de volta, como tantas
vezes ouviu antes. Encostou a porta devagar, a mesma porta de sempre, do mesmo
jeito de sempre... embora dessa vez fosse diferente.
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